CARACTERÍTICAS DOS DISCÍPULOS DE JESUS

 

 

 

 

 

Ilude-se quem pensa terem sido ideais e modelares as pessoas que Jesus ensinou, mesmo incluindo-se os doze após­tolos. Caracteres bíblicos muitíssimos distanciados de nós, temos que concebê-los em nossa imaginação. Certo foram muito hu­manos como nós, com essas imperfeições e fraquezas naturais à criatura humana, pois que esta é sempre a mesma em todas as épocas. Embora mudem as condições ambientais, a natureza humana em sua essência é sempre a mesma.

 

Isto é verdade no que respeita a todos os séculos, climas e graus de cultura. Will Rogers retratou perfeitamente isto, quando falando das conquistas da conferência da paz na Eu­ropa, assim se expressou: "Resta apenas uma pequena coisa a ser trabalhada agora: é o problema da natureza humana." E assim é sempre. Examinando aqueles que Jesus ensinou, como mestres colheremos muita matéria informativa e sugestiva, e mesmo encorajadora. Jesus lidou com um grupo mais íntimo de seguidores, outro maior de discípulos e outro, maior ainda, de críticos e indiferentes.

 

 

1.     O Grupo de Imaturos

 

Este grupo de pessoas com que Jesus lidou estava mui longe da perfeição, quando Jesus iniciou sua obra junto deles. Mesmo ao contemplar sua obra, ainda eram imperfeitos. Eram - caracteres ideais apenas em embrião. Eram santos apenas em estágio de fabricação. Preenchiam muito bem um dos três re­quisitos que George A. Coe sugere para o ensino — a imaturi­dade. Assim tinham eles que caminhar muito e muito, com muita paciência, para se tornarem cristãos crescidos e maduros. Na longa estrada do aprendizado, experimentariam muitas de­cepções e desânimos. Somente alguém que tivesse uma alentadora visão do futuro, movido do infinito amor e paciência, e de persistente energia e perseverança, se aventuraria a tomar como alunos este grupo de pessoas e fazer deles o que o Mestre Jesus fez.

 

Não é preciso vasculhar muito o Novo Testamento para se ver quão imaturos e imperfeitos eram aqueles que Jesus tomou como discípulos. João, que depois se tornou o discípulo amado, não sabia controlar seu gênio, e falhou muito quando se en­colerizou contra os descaridosos samaritanos, aos quais Jesus queria revelar seu amor e o amor de seus discípulos. Simão, a quem se daria o nome de Pedro (pedra), não demonstrou possuir aquela solidez e firmeza que tal nome sugeria, pois prometera a Jesus que estaria firme a seu lado ainda que os mais desertassem, e dentro de poucas horas não só negou a Jesus, jurando por três vezes que nem o conhecia, mas o negou com uma linguagem desusada e lamentável.

 

Tomé mostrou-se tão duro e obstinado em não acreditar na ressurreição de Jesus que tal atitude exigiu esforços especiais do Mestre no sentido de lhe provar satisfatoriamente esse glo­rioso acontecimento. Judas, após vários anos de companheirismo e aprendizado com o Mestre, não progrediu tanto a ponto de sentir-se preparado para resistir à tentação de traí-lo por trinta moedas de prata! Os discípulos de Jesus sofriam a enfermidade de desenvolvimento retardado, quando não de perversidade progressiva.

 

Apanhar este pequeno grupo de indivíduos sem preparo e que quase nada prometiam, e formá-los em pessoas bem de­senvolvidas e preparadas, que constituíam gloriosa inspiração para o mundo, foi um verdadeiro milagre da arte de ensinar e exercitar. Jesus jamais foi suplantado por qualquer outro mestre; foi e é suprema inspiração e encorajamento para os mestres cristãos de todas as épocas. Ninguém pode avaliar devidamente as possibilidades latentes num moço ou numa moça aparente­mente inaproveitável, nem o que se possa fazer com eles. O velho professor dos Irmãos da Vida Simples ao tirar seu chapéu na presença de seus discípulos, e ao dizer-lhes que não sabia se tinha ali à sua frente alguém  que seria maior que o impe­rador, nem podia imaginar que naquela sua classe estivesse en­tre seus alunos o menino que, homem feito, iria abalar os fun­damentos do mundo — Martinho Lutero!

 

É privilégio nosso, pelo ensino que transmitimos, mudar vidas hoje imaturas e aparentemente insignificantes, e desenvolvê-las em caracteres marcantes e notáveis. Um ferreiro aleija­do apanhou nas ruas um grupo de quatro meninos aparente­mente ociosos e que nada prometiam, e passou a ensiná-los pacientemente. Viveu o suficiente para ver tornar-se um deles missionário em terras estrangeiras, outro, membro do gabinete do presidente de sua pátria; o terceiro secretário particular também dum presidente; e o quarto aquele que chegou a ocupar a presidência dos Estados Unidos da América do Norte — Warren G. Harding!

 

 

2 .     Impulsivos ou Impetuosos

Os discípulos de Jesus não eram apenas imaturos. Pior que isso: haviam tido na vida um desenvolvimento errado e falho. Alguns deles eram mesmo gente governada só por im­pulsos. Pedro era assim, e foi o campeão dos impetuosos. "Era homem impulsivo e precipitado, qual regato que desce cé­lere e desabaladamente montanha  abaixo,  atirando-se de  encontro às rochas da baixada. Reagia repentinamente. Falava e agia, para depois pensar." Temos exemplo vivo disso, quan­do se lançou ao mar, em certa manhã bem fria, c nadou até a praia para chegar perto de Jesus, quando poderia ter feito isso com seu barco (João 21:7). Outro exemplo temos quan­do pediu a Jesus que lhe banhasse também as mãos e o rosto, logo após haver dito a Jesus que lhe não consentiria lavar seus pés; e quando Jesus lhe disse que, nesse caso, Pedro não teria parte com ele, submeteu-se (João 13:9). E exemplo mais vivo ainda temos quando Pedro, com rápido golpe de sua espada, decepou a orelha direita do servo do sumo sacerdote (João 18:10).

 

João também não se mostrou menos impetuoso. Tanto que Jesus o chamou "filho do trovão". Diz Carlos R. Brown: "Ele mostrou ser filho da tempestade. Houve ocasiões em que teve explosões fortes e terríveis. Certas vezes, em sua ira ou entusiasmo, agia qual redemoinho impetuoso," qual poderoso fura­cão. Mui longe de se revelar homem calmo, paciente, sofredor e manso, era de caráter violento." Manifestou isso quando, com outros discípulos, entrou numa vila de samaritanos para arru­mar pouso para o Mestre; ante a recusa de hospedagem, ele se indignou tanto que disse a Jesus: "Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para consumir esta gente?" (Luc. 9:54). Caminhou muito este apóstolo, até chegar a escrever em sua Primeira Carta, cap. 4, versículo 8: "Quem não ama, não conhece a Deus."

 

Outros que não pertenciam ao círculo íntimo de Jesus mostravam-se igualmente impulsivos. Simão, chamado Zelote, como este apelido indica, pertencia a um partido político muitíssimo radical. Afirma Brown: "Podia ele ser vantagem ou desvantagem. Era como o vapor em alta pressão que pode levar de encontro aos arrecifes qualquer barco sem piloto, ou queimar seus passageiros, causando-lhes a morte." Fosse ele pessoalmente radical, ou não, o fato é que pelo menos perten­cia a um grupo revolucionário quando Jesus o chamou para segui-lo.

 

João Batista, por sua vez, era também homem de tempera­mento forte. Não nos parece de início um moderado conserva­dor, quando surge de seus jejuns e se movimenta de cá para lá a pregar o evangelho do arrependimento a uma geração má e perversa. "Apareceu ele com olhos flamejantes, e apre­sentar sua formidável mensagem. De linguagem escaldante, des­pertava e abalava as consciências mais empedernidas."4 Tinha ele o temperamento dós reformadores. O próprio Mateus não se mostrava também muito conservador, não. Diz, no caso dele, T. R. Glover: "O publicano do grupo era também do mesmo tipo; mostrava-se pronto a deixar seus afazeres e os costumes de família — revelando também natureza impulsiva e coração quente."

 

Era tão impetuoso o caráter daqueles discípulos e doutros mais, que Jesus sempre lhes frisava que deviam pesar bem as coisas antes de agir. Eram neles traços tão salientes que, se alguém os propusesse para o pastorado de alguma igreja im­portante de nossos dias, esta se veria na necessidade de im-por-lhes algumas condições. Lembremo-nos, no entanto, de que dantes como agora, não são os conservadores, os intelectuais c os calmos, e, sim, os agressivos, os aventureiros e os destemidos que fazem progredir mais a obra do Reino de Deus. O aluno que nos dá mais trabalho para conter"e orientar, c mesmo para disciplinar, pode ser justamente  aquele  que  mais  conseguirá na vida. Podemos agradecer a Deus pelos homens impulsivos, s quando sabiamente orientados.

 

 

3.     Pecadores

 

O Mestre não só teve que lidar com pessoas de caráter subdesenvolvido e de fortes impulsos, mas também de acen­tuadas tendências para o pecado. Conquanto alguns deles se tornassem depois cristãos de elevado caráter, nem sempre foram tão angélicos como os pinta a nossa imaginação ou alguns artistas da tela. Havia neles altos e baixos, instintos e impulsos que, não controlados pelos ideais cristãos, inevitavelmente os teriam arrastado a grandes e irremediáveis males. Assim acon­teceu em parte, e vemos que eles fizeram coisas que. mais tarde provavelmente desejariam ver retiradas dos registros.

 

Na verdade, alguns dos quais Jesus ensinou e cujas vidas foram transformadas por ele, tinham vivido em graves pecados. Basta lembrar que um deles, conquanto viesse a gozar por al­guns anos da companhia de Jesus," tornando-se mesmo o te­soureiro do colégio apostólico, por fim chegou a vender o Mestre por trinta moedas de prata.

 

Mas Judas não foi o único, mesmo do círculo íntimo de Jesus, a ser arrastado por tendências pecaminosas, ao menos temporariamente. Pedro mentiu e jurou para ocultar sua iden­tidade e se escapar de situação embaraçosa. João não só deu asas a seu temperamento e preconceitos, mas também ao orgulho, e chegou a pleitear o privilégio de assentar-se à destra de Je­sus. E Tiago se associou a ele, igualmente desejoso de posição social e política. "Houve atritos entre eles, pois eram homens de não pequenas ambições. Mesmo na ocasião da Última Ceia, os corações deles giravam ao redor de tronos" (Mar. 9:33;10: 37; Luc. 22:24). De fato, o grupo todo de discípulos pen­sava mais em grandezas materiais.

 

Afora o círculo dos doze, vemos Zaqueu, o coletor de impostos, homem que tinha grande amor pelo dinheiro e que cobrava mais do que era devido, roubando assim ao povo ne­cessitado. E também Maria Madalena, com sete demônios a seu crédito. E ainda a mulher pecadora que lhe lavou os pés com suas lágrimas e os enxugou com seus cabelos. E ainda a mulher de vida livre a quem ensinou à.beira do poço, a qual tivera um rosário de cinco maridos. E ainda aqueles acusado­res da mulher adúltera, os quais desapareceram quando Jesus lhes disse que quem estivesse sem pecado fosse o primeiro a começar a apedrejá-la, conforme ordenava a lei. Não; aqui ve­mos perfeitamente que a classe de alunos ensinada por Jesus em nada apresentava aquelas condições ideais para um mestre ideal. Ao contrário, eram tais alunos gente das mesmas paixões nossas, e de paixões que não poucas vezes os dominavam por completo. Orgulho, ambição e luxúria argamassavam a vida deles, e tudo aquilo desafiava os preceitos e a influência de Jesus.

 

O que foi verdade então, o é ainda hoje. Nunca se sabe o que serão os nossos alunos de hoje. Sabemos, no entanto, que instintos não controlados inevitavelmente arrastam à ruína. Num rapaz de belo físico podem estar aninhadas fortes ten­dências para o crime, forças que, não controladas, certamente o levarão para a penitenciária. E isso tem sucedido inúmeras vezes. Essa jovem culta e de modos gentis, que parece trazer no rosto a marca legítima da inocência, pode muito bem estar abrigando dentro de si certos ideais e paixões que, desenvolvi­das, a arrastarão a uma vida vergonhosa. Isso temos visto de contínuo na sociedade de que fazemos parte. Nenhum pro­fessor pode ler todos os maus pensamentos e propósitos ocultos no coração de seus alunos. Muitos de nós podemos dizer o que John Bradford disse de si próprio, ao ver passar por ele um criminoso conduzido por agentes policiais: "Não fora a graça de Deus, ali estaria John Bradford." Urge aprendermos a es­magar sempre as tendências pecaminosas e imprimir em nosso caráter a semelhança de Cristo.

 

 

4.     Perplexos

 

As pessoas a quem Cristo ensinou viam-se muitas vezes desafiadas por inúmeras perplexidades e problemas, e assim procuravam a Cristo para que ele os resolvesse. Certo é que às vezes vinham a ele tangidos pela hipocrisia, pois queriam pegá-lo nalguma palavra. Jesus de imediato reconhecia isso, e, no entanto, lhes dava atenção, levando-os a tirar por si mesmos a conclusão certa. Traziam-lhe assuntos mui variados, tratando quase todos de problemas da vida cotidiana. Respondendo-lhes, Cristo não só ajudava a quantos ensinava pessoal­mente, mas a inúmeros outros pelos séculos em fora. O fato de João haver declarado que o mundo todo não poderia conter todos os livros necessários para o registro de todos os ensinos de Cristo nos leva a perceber que não conhecemos muitos assuntos então levados à consideração de Cristo.

Conhecemos, não obstante, bom número de problemas pessoais e íntimos, que tratam de modo vital de muitas fases da vida humana. Temos, por exemplo, o pedido feito por certo homem, para que Jesus tratasse da repartição da herança com o irmão dele, uma demonstração de legítima defesa. Também temos registrados vários casos de ambição e de prestígio social, apresentados pelos discípulos quando deram de querer saber de Jesus qual deles era o maior. Aliás, este é um desejo mui natural e humano. O moço rico desejava saber como poderia alcançar a vida eterna. Esse era o seu problema, e, ao que parece, também de Nicodemos. Outros queriam saber se Cristo era Deus, se deviam tolerar outros trabalhadores que não an­davam com ele, quando e como deviam prestar culto a Deus; queriam saber algo da ressurreição, dos maiores mandamentos, algo sobre o jejum, de como poderiam expulsar demônios, e outras coisas mais. Discutiam e lhe apresentavam também pro­blemas pessoais, como o orgulho, a ira, a luxúria, a aflição, a cobiça. Vemos que eram os mesmos problemas que hoje en­frentamos no século das luzes.

 

Também surgiram problemas de natureza social que di­ziam respeito às relações de uns para com os outros. Simão Pedro queria muito saber quantas vezes deveria perdoar a quem o houvesse ofendido: só sete vezes, ou deveria ir além? (Mat. 18:21-35). Os fariseus, maldosos, fizeram-lhe esta per­gunta perigosa: "É lícito a um homem repudiar sua mulher por qualquer causa?" (Mat. 19:3). Semelhantemente, os sa­duceus, sequiosos por demonstrar a impossibilidade da ressurrei­ção, perguntaram a Jesus a quem pertenceria no outro mundo a mulher que aqui houvesse desposado sete homens (Mat. 22: 23-33). Um doutor da lei, querendo justificar seu egoísmo, levantou diante de Cristo, uma questão mais larga sobre o pro­blema da boa vizinhança, perguntando-lhe — "Quem é meu próximo?"

 

Outro problema, muitíssimo melindroso naqueles dias, di­zia respeito à deslealdade para com o governo, quanto ao paga­mento das taxas. Tal problema foi apresentado a Jesus quando os escribas e principais sacerdotes lhe perguntaram se era lí­cito pagar tributo a César (Luc. 20:22). Também surgiu a questão do sábado, quando os discípulos de Jesus lançou mão da imaginação, e lhes falou duma ovelha caída num valo e dum rei em caminho para a guerra. Outros problemas incluíam dar e receber, o orar, o serviço, o espírito de crítica, a vin­gança.

 

À luz dessas muitas perguntas e problemas, parece-nos que Jesus gastou grande parte do seu tempo mais a resolver problemas pessoais do que mesmo a ensinar de modo geral. E parece que foi assim mesmo. Os problemas da vida humana quase sempre são os mesmos; e, resolvendo aqueles dos ho­mens do seu tempo, Jesus lançou muita luz sobre os nossos problemas de hoje, mormente quando vemos que ele tratou mais de princípios fundamentais que de remédios específicos. Assim, Jesus aparece como conselheiro e como instrutor, justamente como devemos ser, caso queiramos servir de maneira valiosa e vital àqueles de nossos alunos que hoje enfrentam problemas mui sérios e complicados. Ninguém jamais resolveu problemas e perplexidades como Jesus, e ninguém como ele apresentou princípios gerais de maior ajuda e valia. Ele se revelou mestre consumado e divino, tanto no aconselhar como no ensinar.

 

 

5.     Ignorantes

 

Asseverar que os discípulos de Jesus tinham mente obs­curecida e endurecida, bem como espírito perplexo, parece quase que adicionar insulto à injúria. Mas vê-se que não, quando buscamos ter uma visão completa da situação em que Jesus se viu frente a eles. Seus discípulos provinham em maior parte das baixas camadas sociais e não da classe alta, e por isso não tinham aquele fundo cultural que soem ter os de classe mais elevada. Eram, assim, gente mui imperfeita. Não estavam preparados para compreender muitas coisas, dado que a mente deles não estava habilitada a apanhar toda a verdade.

 

Mas não era esta a única dificuldade. Uma concepção materialista da via e a ideia ritualista da religião muito os prejudicavam, visto que as verdades espirituais se discernem espiritualmente. Tanto a ignorância, como errados pontos de vista, embaraçavam bastante o trabalho do Mestre. É coisa bem difícil erradicar a confusão mental e a rotina intelectual. E Jesus teve que enfrentar como nenhum outro mestre essas duas coisas. Conquanto fosse ele verdadeiro especialista no aclarar a verdade, registra-se que ele não foi bem compreendido por muitos ou foi mal interpretado por muito tempo pelo povo em geral, pelos líderes religiosos, e mesmo por aqueles do seu círculo íntimo. “Ele escolheu um grupo pequeno, visando prepará-lo para a liderança, embora não pudessem eles entender, e muito menos explicar a outros, os princípios que eram a pedra angular da fé que deviam propagar.... Nos três anos que Jesus gastou a ensiná-los,  tais discípulos foram para ele constante decepção."

 

Forte exemplo dessa incompreensão vemos no que res­peita ao que Cristo lhes ensinou sobre a natureza do Reino. Apesar de tudo quanto lhes ensinara sobre a natureza pessoal, íntima e subjetiva do Reino, os discípulos continuaram a es­perar um reino temporal que se baseasse no poder material, como os demais reinos da terra. E isso era verdade mesmo em se tratando dos discípulos mais íntimos de Jesus, como Tiago e João, que chegaram a pleitear um lugar à direita e outro à esquerda — primeiro-ministro e secretário de estado.

 

Vê-se claro igualmente que Jesus não foi compreendido quanto ao que lhes ensinou acerca da ressurreição, tanto sua como nossa. Conquanto lhes houvesse dito que ressuscitaria ao terceiro dia, ninguém esperou tal acontecimento. Pelo con­trário, ficaram surpresos com a ressurreição de Jesus. Como vemos nos Evangelhos, um dos discípulos de Jesus, Tomé, exigiu provas cabais para se convencer. Até mesmo o propósito de sua morte não lhes ficara bem claro, pois que Paulo nos fala da cruz como pedra de tropeço para os judeus. Mesmo as exigências importantes e aparentemente simples para o disci-pulado parece não terem ficado bem claras na mente do próprio Nicodemos, um dos homens mais preparados do seu tempo!

 

A despeito da clareza do pensamento de Jesus e da viva­cidade com que o expressava, os seus discípulos mais brilhantes e mais interessados deixaram de apanhar todo o seu sentido. Creio não ser exagero afirmar que, durante todo o seu minis­tério, Jesus de contínuo se sentiu desapontado ante a inabili­dade e a vagarosidade demonstrada pelos discípulos em com­preender as verdades que lhes ensinava. Se isso se deu com Jesus, não devemos ficar admirados de que aconteça também conosco. E assim como ele jamais se sentiu desanimado por isso, também nós, como mestres, nunca devemos nos desenco­rajar, mas avançar pacientemente como ele fez. O que Jesus disse de Pedro devemos dizer também de cada aluno — "Tu és... tu serás."

 

 

6 .     Cheios de Preconceitos

 

Parece que tudo quanto já dissemos é suficiente, mesmo para Jesus.

 

Eram seus discípulos imaturos, pecadores, intempestivos, de mente tardia e apoucada. Mas não podemos parar aqui, visto que o quadro ainda não está completo. As atitudes men­tais deles em nada favoreciam a recepção das verdades apre­sentadas por Jesus. Pelo menos é o que depreendemos acerca deles, ou da mor parte deles, no que respeita a certas coisas.

 

João abrigava dentro de si tais preconceitos que não ad­mitia que pessoa fora do seu grupo expulsasse demônios e fi­zesse o bem (Mar. 9:38). Na verdade, o preconceito subjazia à raiz de muitos dos problemas já mencionados. Na Parábola do Semeador, a primeira qualidade de solo descrita é o que fica à   beira do caminho - terra dura e impenetrável,   na   qual a semente não entra muito facilmente (Mat. 13:3-23). Te­mos aqui uma descrição perfeita da atitude assumida por indiví­duos cheios de preconceitos e de mente fechada, os quais não querem nem pensar na verdade que lhes é apresentada. Evi­dentemente, Jesus teve que lidar com pessoas assim, quando disse, essa parábola, visto haver ensinado como enfrentar as necessidades da vida. O professor de Escola Bíblica Dominical tem também que enfrentar situações idênticas. Assim, trate-se de ensinar a conversão, o dízimo, a temperança ou qualquer outro assunto, o professor encontrará nos seus alunos práticas e preconceitos tais que fortemente os impedirão de encarar com coração aberto tais assuntos. Dificilmente encontrará o professor um aluno completamente despido de preconceitos. A intolerância é pior do que a ignorância.

 

Quando Jesus falou da ressurreição, encontrou a desde­nhosa oposição dos saduceus aristocratas e racionalistas, os quais, tentando levar Jesus ao ridículo, apresentaram a ques­tão do futuro esposo da mulher que nesta vida se casara sete vezes. Os saduceus eram os críticos intelectuais do tempo de Cristo. Quando Jesus buscou mostrar o amor de Deus para com toda e qualquer criatura, ainda que pecadora, viu-se dian­te das intelectuais adagas dos orgulhosos fariseus, que se jul­gavam muito bons para se associarem com pecadores e publicanos. Assim, Jesus teve que forjar a Parábola do Filho Pró­digo, ou apresentar o contraste entre o fariseu e o publicano em oração diante de Deus. Quando o jovem rico se ajoelhou a seus pés e humildemente lhe indagou como alcançar a vida eterna, pareceu-lhe estar na presença de uma pessoa de cora­ção aberto. Mas, dizendo-lhe que vendesse tudo e .desse aos pobres, e o 6eguisse, viu mudar-se o rosto do moço e "ele se foi triste, porque possuía muitos bens" (Mar.   10:22).

 

Jesus teve que lidar igualmente com alunos cheios de preconceitos. Queriam muitos deles ter cheio seu estômago e ver curadas suas doenças, mas sem qualquer interferência em seus interesses e sem qualquer mudança em seus hábitos. E o mundo age assim ainda hoje. Todos querem ser curados e libertos do castigo eterno. Mas, quando se lhes fala em arrependimento, em servir a Cristo, em sacrifício e na cruz, perdem todo o interesse e se vão. É coisa mui difícil convencer um homem e levá-lo a negar-se a si mesmo. Os maiores obstáculos encontrados por professores e mestres são essas mentes fechadas e cheias de preconceitos.

 

 

7.    Instáveis

 

Se os discípulos de Jesus se mostrassem dispostos a levar avante de modo fiel aquilo que houvessem entendido e recebessem tudo com mente aberta, já seria coisa mui maravilhosa. Mas, assim não fizeram. A perversidade humana é ta­manha que a vontade, bem como o intelecto e os afetos, se mostram depravados. Isto é verdade quanto aos discípulos da­quele tempo, e também quanto aos de nossos dias. Muitos não tiveram coragem de abandonar outros interesses e encarar cora­josamente as durezas e decepções naturais do caminho cristão. Assim, diminuiu o interesse de muitos, e até mesmo os maiores amigos de Jesus hesitaram em avançar com ele. O quadro que Jesus nos pinta do solo raso e fraco, onde a semente cresceu rápido, mas logo murchou ao sol abrasador, é ótima descrição dessa instabilidade.

 

Então, como agora, a tentação, a tribulação, a persegui­ção, mui logo dizimam as fileiras. Marquis diz: "Bom nú­mero de gente se apresentou para seguir o Mestre, mas logo es­friou seu entusiasmo e o deixou. Jesus não podia retê-los. Após três anos desse ensino — o melhor que o mundo já conheceu — tendo falado Jesus a milhares de pessoas, ficou apenas este número de 120, e muitos destes ainda precisaram de ser reanimados pelo Seu ministério pós-ressurreição."  Que quadro do resultado de toda uma vida do maior professor que o mundo já viu! Até cultos sem valor parecem ter conseguido mais em nossos dias.

 

Bom exemplo de fraqueza é o caso do jovem rico, a que nos referimos há pouco, o qual, embora interessado e inte­ligente, não se sentiu com forças para abrir mão dos seus bens e ir após Cristo. Que estupenda oportunidade perdeu ele, de companheirismo com Cristo, de servir a Deus, e mesmo de celebrizar-se como cristão! Outro caso já referido é o de Pe­dro que, após prometer ser fiel até o fim ainda que os outros desertassem, voltou as costas a Jesus e o negou com jura­mento, vendo-se rodeado por pessoas estranhas.

 

Em certa época do seu ministério, a debandada de discí­pulos foi tal que Jesus pateticamente se voltou para os poucos que lhe ficaram fiéis, e perguntou: "Não quereis vós também vos retirar?" (João 6:67). Mesmo depois de sua crucificação, vemos que seus amigos mais leais voltaram ao seu primitivo ofício, tendo dado a causa como completamente perdida. Aque­les onze homens corriam de cá para lá, como ovelhas assusta­das, emboscando-se nas trevas, para fugir ao dedo indicador dos inimigos de Cristo em Jerusalém."

 

Se todas essas coisas se deram com Jesus, que esteve sempre muito além daquilo que podemos ser, e, se sua obra no tempo foi tida como decepção e derrota, em nada nos de­vemos surpreender quando vemos que nossos esforços pare­cem não render coisa alguma. Quando se faz muito, mais fá­cil tomar uma classe do que conservá-la, e quando não poucos alunos e alunas deixam as classes da Escola Bíblica Domini­cal, mal chegam à juventude, urge lembrar do Grande Mestre, e tomarmos alento.

 

Se o leitor sentir que este capítulo é desencorajador, lembre-se de que, apesar de todas aquelas dificuldades, e obstá­culos, Jesus avançou pacientemente e conseguiu fazer daquele grupo o mais eficiente corpo de discípulos e mestres que o cristianismo já teve em toda a sua história. T. R. Glover diz: "O maior milagre da história parece ter sido este: a transformação que Cristo conseguiu operar naqueles homens."  Fortalecidos por seus ensinos, pela sua.-ressurreição e pelo Es­pírito, saíram a transformar o mundo, e dez deles deram sua própria vida para levar avante aquela divina cruzada. Assim iniciaram  eles a cristandade na obra da  evangelização  mundial. "A julgar pelos resultados, Jesus lançou a maior geração de mestres que o mundo conheceu — doze homens, que mais tarde viraram o mundo de pernas para o ar." Como conseguiu Jesus formar neles esse caráter invencível é o que iremos ver nos capítulos seguintes. Até aqui procuramos ver nossos discípulos à luz daqueles aos quais Jesus ensinou, e compreender mais claramente a nossa tarefa de mestres, bem como buscamos ânimo e coragem para ensinar com fidelidade e paciência.

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Didache – O ensino dos doze Apóstolos

 

(Fim do primeiro século)

 

 

 

 

 

 

Capítulo 1

Os Dois Modos e a Primeira Ordem

HÁ DOIS MODOS, um de vida e um de morte, mas uma grande diferença entre os dois modos. O modo de vida, então, é este: Primeiro, amarás ao Deus que te fez; segundo, ame ao teu vizinho como a ti mesmo, e não faça ao outro o que não queres que seja feito a ti. E destas declarações o ensino é este: Abençoe aqueles que te amaldiçoam, e ore pelos seus inimigos, e jejue por aqueles que te perseguem. Pois que recompensa há em amar os que te amam? Não fazem assim os gentios? Mas ameis aos que te odeiam, e tu não terás um inimigo. Afaste-se de luxúrias carnais e mundanas. Se alguém golpear sua face direita, vire a ele também a outra, e serás perfeito. Se alguém o forçar [a andar] uma milha, vá com ele duas. Se alguém tomar tua capa, dê-lhe também seu casaco. Se alguém tomar de ti o que é seu, não peça de volta, pois na verdade não é capaz. Dê a todo o que te pede, e não peça de volta; pois a vontade do Pai é que tudo deve ser dado de nossas próprias bênçãos (dons gratuitos). Feliz é aquele que dá de acordo com o mandamento, porque é inocente. Ai daquele que recebe; pois se alguém recebe quem tem necessidade, ele é inocente; mas aquele que recebe não tendo necessidade pagará a penalidade, por que recebeu e para que quê. E ao entrar em confinamento, ele será examinado com relação às coisas que ele fez, e ele não escapará de lá até que reembolse o último centavo. E também com relação a isto, foi dito, deixe suas esmolas suar em suas mãos, até que saibas a quem deverás dar.

Capítulo 2

A Segunda Ordem:

Pecado Sério Proibido

E o segundo mandamento do Ensino; não cometerás homicídio, não cometerás adultério, não cometerás pederastia, não cometerás fornicação, não roubarás, não praticarás magia, não praticarás feitiçaria, não matarás uma criança por aborto, nem matarás a que nasce. Não desejarás as coisas de teu vizinho, não jurarás, não darás falso testemunho, não falarás mal, não sustentarás nenhum rancor. Não serás dúbio de mente nem dobre de língua, pois ser dobre de língua é uma armadilha de morte. Sua fala não será falsa, nem vazia, mas cumprida através da ação. Não serás cobiçoso, nem ávido, nem um hipócrita, nem mal disposto, nem arrogante. Não farás má deliberação contra teu vizinho. Não odiarás a nenhum homem; mas alguns reprovarás, e por alguns orarás, e alguns tu amarás mais que sua própria vida.

Capítulo 3

Outros Pecados Proibidos

Meu filho, fuja de tudo que é mau, e de tudo que se assemelhe a isto. Não seja propenso a raiva, pois a raiva conduz ao assassínio. Nem sejas ciumento, nem briguento, nem de temperamento fervente, pois destes se geram homicídios. Meu filho, não sejas luxurioso. Pois a luxúria leva à fornicação. Nem sejas um fala-dor imundo, nem altivo, pois estes geram adultérios. Meu filho, não sejas um observador de presságios, visto que isto conduz à idolatria. Nem sejas um encantador, nem astrólogo, nem um purificador, nem se deixe levar por estas coisas, pois estas geram idolatria. Meu filho, não sejas um mentiroso, visto que uma mentira conduz ao roubo. Nem sejas amante do dinheiro, nem vanglorioso, pois destes gera-se o roubo. Meu filho, não sejas um murmurador, visto que isto conduz à blasfêmia. Não sejas egoísta nem mal-intencionado, pois estes geram blasfêmias.

Prefira, ser manso, pois o manso herdará a terra. Sejas resignado, piedoso e clemente e gentil; e bom e sempre tremendo às palavras que ouvis-te. Não exaltes, nem conceda autoconfiança à sua alma. A sua alma não se junte ao altivo, mas apenas com o humilde deve ter relacionamento. Aceite tudo que acontece a ti como algo bom, sabendo que se não for por Deus nada acontecerá.

Capítulo 4

Vários Preceitos

Meu filho, lembre-se noite e dia daquele que fala a palavra de Deus contigo, e honre-o como fazes ao Senhor. Por onde quer que a regra grandiosa seja proferida, há Deus. E procure dia a dia as faces dos santos, para que tu possas descansar nas suas palavras. Não almeje a divisão, mas prefira aqueles que afirmam a paz. Julgue justamente, e não respeite as pessoas ao reprovar suas transgressões. Não fiques indeciso se será ou não. Não fiques diante de uma maca para receber e de uma gaveta para dar. Se tiveres alguma coisa, por suas mãos darás resgate por seus pecados. Não hesite em dar, nem reclame quando deres; pois tu saberás quem é o bom retribuidor do assalariado. Não se vire daquele que está querendo (pedindo); prefira, compartilhar todas as coisas com seu irmão, e não diga que elas são suas próprias coisas. Pois se tu és participante no que é imortal, quanto mais naquilo que é mortal? Não detenha sua mão de seu filho ou filha; prefira, ensinar-lhes o temor de Deus desde sua mocidade. Não ordene nada em sua amargura ao seu servo ou serva que esperam no mesmo Deus para que não eles deixem de temer ao Deus que está acima de ambos; porque ele não vem chamar de acordo com a aparência externa, mas para aqueles a quem o Espírito preparou. E teu servo esteja sujeito a seus mestres quanto ao modo de Deus, em modéstia e temor. Tu odiarás toda hipocrisia e tudo que não é do agrado de Deus. Não abandone de nenhum modo às ordens do Senhor; mas mantém o que tens recebido, nem acrescendo nem tirando. Na igreja tu reconhecerás tuas transgressões, e não virás para sua oração com uma consciência má. Este é o modo de vida.

Capítulo 5

O Modo da Morte

E o modo de morte é este: Em primeiro lugar, é mau e amaldiçoado: assassinatos, adultério, luxúria, fornicação, roubos, idolatrias, artes mágicas, feitiçarias, estupro, falso testemunho, hipocrisia, falsa intenção, decepção, arrogância, depravação, egoísmo, ganância, fala imunda, ciúme, auto-confiança, presunção, ostentação; perseguição ao bem, ódio à verdade, amor à mentira, desconhecimento de uma recompensa por retidão, que não reparte por bem, nem tem julgamento íntegro, não assiste ao que é bom, mas ao o que é mau; de quem mansidão e resistência estão distantes, vaidades amorosas, procura pela vingança, que não tem pena de um homem pobre, que não trabalha para o aflito, desconhecendo Aquele que os fez, assassinos de crianças, destruidores da obra de Deus, afastando-se daquele que é desejável, afligindo o que está aflito, defensores dos ricos, juízes sem lei dos pecadores pobres, absolutos. Sejais, filhinhos, livres de todos estes.

Capítulo 6

Contra Falsos Mestres, e Comida Oferecida a Ídolos

Tenhais cuidado para que ninguém vos faça errar neste modo de Ensino, visto que é Deus que vos ensina. Pois se sois capazes de suportar o jugo do Senhor, sereis perfeitos; mas se não puderes fazer isto, façais o que sois capazes. E com relação à comida, suportai o que sois capazes; mas com respeito ao que é sacrificado a ídolos tendes excessivo cuidado; pois isto é obra de deuses mortos.

Capítulo 7

Acerca do Batismo

Com relação ao batismo, batizai deste modo: Dizendo todas estas coisas primeiro, batizai no nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, em água viva. Mas se tu não tiveres água viva, batizai em outra água; e se não podes fazer assim em água fria, faça assim em água morna. Mas se não tiveres nenhuma, despeje água três vezes na cabeça [do que está sendo batizado] no nome do Pai, Filho e Espírito Santo. Mas antes do batismo o batizador deve jejuar, e também os batizados, e quem mais puder; mas tu ordenarás o batizado a jejuar um ou dois dias antes.

Capítulo 8

Jejum e Oração (a Oração do Senhor)

Para que os seus jejuns não sejam como os dos hipócritas, porque eles jejuam no segundo e quinto dia da semana. Prefira, jejuar no quarto dia e na Preparação (sexta-feira). Não ore como os hipócritas, mas prefira a oração como o Senhor ensinou no seu Evangelho, dessa maneira:

Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o Teu nome. Venha o Teu reino. Seja feita Tua vontade, na terra, como no céu. Nos dê hoje nosso pão (necessário) de cada dia, e perdoa-nos nossas dívidas como nós também perdoamos nossos deve-dores. E não nos deixe cair em tentação, mas livra-nos do mau (ou mal); pois Teu é para sempre o poder e a glória.

Ore três vezes a cada dia.

Capítulo 9

A Eucaristia

Agora com relação à Eucaristia, dê graças deste modo. Primeiro, com relação ao cálice: Nós te agradecemos, nosso Pai, pela videira santa de Davi, o teu servo, que Tu tornaste conhecido a nós por Jesus Teu Servo; a Ti seja para sempre a glória. E com relação ao pão partido: Nós te agradecemos, nosso Pai, pela vida e conhecimento que fizeste conhecidos a nós por Jesus Teu Servo; a Ti seja para sempre a glória. Até mesmo como este pão partido se espalhou sobre as colinas, e foi reunido e se tornou um, assim que a Tua Igreja seja reunida desde os confins da terra em Teu reino; pois Tua é para sempre a glória e o poder por Jesus Cristo.

Mas não deixou ninguém comer ou beber de sua Eucaristia, a menos que eles fossem batizados no nome do Senhor; por também se interessar por isto o Senhor disse, "não dê o que é santo aos cães."

Capítulo 10

Oração de Acordo com a Comunhão

Mas depois que você estiver cheio, dê graças, deste modo:

Nós Te agradecemos, Pai santo, por Teu santo nome porque fizeste um tabernáculo em nossos corações, e pelo conhecimento e fé e imortalidade, que modestamente nos tornou conhecidos através de Jesus, Teu Servo; a Ti seja para sempre a glória. Tu, Mestre todo-poderoso, criaste todas as coisas por amor de Teu nome; Tu deste comida e bebida aos homens para o prazer deles, para que pudessem dar-te graças; mas para nós nos deste de boa vontade alimento e bebida espirituais e vida eterna mediante Teu Servo. Antes de todas as coisas nós Te agradecemos pois és poderoso; a Ti seja para sempre a glória. Lembre-se, Senhor, de Tua Igreja, para livrá-la de todo o mal e para torná-la perfeita em Teu amor, pois a reuniste desde os quatro ventos, e a santificou para o Teu reino que preparaste para ela; pois Teu é o poder e a glória para sempre. Que venha a graça, e que este mundo faleça. Hosana ao Deus de Davi! Se alguém é santo, que venha; se alguém não é, que se arrependa. Maranatha. Amém.

Contudo, permita aos profetas fazerem ação de graças tanto quanto desejarem.

Capítulo 11

A Respeito dos Mestres, Apóstolos, e Profetas

Portanto, quem quer que venha e te ensine todas as coisas que foram ditas antes, o receba. Mas se o próprio mestre se volta e ensina outra doutrina à destruição deste, não lhe dê ouvidos. Mas se ele ensina para aumentar a retidão e o conhecimento do Senhor, receba-o como ao Senhor. Mas com respeito aos apóstolos e profetas, aja de acordo com o decreto do Evangelho. Todo apóstolo que vier a Ti seja recebido como o Senhor. Mas que ele não permaneça mais de um dia; ou dois dias, se houver uma necessidade. Mas se ele permanecer três dias, ele é um falso profeta. E quando o apóstolo vai embora, não o deixe levar nada mais que pão até que ele se hospede. Se ele pedir dinheiro, ele é um falso profeta. E todo profeta que fala no Espírito tu não deves nem provar nem julgar; pois todo pecado será perdoado, mas este pecado não será perdoado. Contudo, nem todo aquele que fala no Espírito é um profeta; mas apenas se ele mantiver os caminhos do Senhor. Portanto o falso profeta e o profeta por seus caminhos serão conhecidos. E todo profeta que ordena uma refeição no Espírito não come dela, a menos que realmente seja falso profeta. E todo profeta que ensina a verdade, mas não faz o que ensina, é um falso profeta. E todo profeta, provado ser verdadeiro, opera no mistério da Igreja no mundo, ainda que não ensine a outros a fazer o que ele mesmo faz, não será julgado entre vós, pois com Deus ele terá seu julgamento; porque assim também fizeram os profetas antigos. Mas quem diz no Espírito, me dê dinheiro, ou qualquer outra coisa, não lhe dê ouvidos. Mas se ele lhe diz que dê para outros porque estão em necessidade, ninguém o julgue.

Capítulo 12

Recepção de Cristãos

Mas receba todo mundo que entra em nome do Senhor, e prove e o conheça posterior-mente; para que tu tenhas entendimento do certo e do errado. Se aquele que vem é um viandante, o ajude até onde for possível; mas que ele não permaneça contigo mais de dois ou três dias, pela necessidade. Mas se ele quer ficar contigo, e é um artesão, o deixe trabalhar e comer. Mas se ele não tem nenhum oficio, de acordo com sua compreensão, trate-o como a um Cristão, mas que ele não viva contigo se' for ocioso. Pois se ele nada faz, ele é um trapaceiro. Mantenha-se longe deste.

Capítulo 13

Apoio de Profetas

Todo profeta verdadeiro que quiser viver entre vós é merecedor do vosso apoio. Como também é merecedor um verdadeiro mestre, como o trabalhador, do vosso apoio. Portanto, toda primícia dos produtos da vinha prensada e esmagada, de bois e de ovelhas, tu as tomará e dará aos profetas, porque eles são seus sumos sacerdotes. Mas se não tiveres nenhum profeta, dê para o pobre. Se fizeres um pouco de massa, levai a primícia e dai de acordo com o mandamento. Assim também quando abrires um jarro de vinho ou de óleo, levai a primícia e dai aos profetas; e de dinheiro (prata) e de roupas e de toda posse, levai a primícia, como vos parecer bom, e dai de acordo com a ordem.

Capítulo 14

Assembléia Cristã no Dia do Senhor

Em cada dia do Senhor deveis vos reunir, partir o pão e fazer ação de graças depois de terdes confessado vossas transgressões, para que vosso sacrifício seja puro. Que ninguém que esteja em conflito com o companheiro deve vir junto contigo, até que eles sejam reconciliados, para que vosso sacrifício não seja profanado. Pois isto é o que foi dito pelo Senhor: "Em todo tempo e lugar fazei oferta a mim com um sacrifício puro; porque eu sou um grande Rei, diz o Senhor, e meu nome é maravilhoso entre as nações."

Capítulo 15

Os Bispos e Diáconos; Reprovação Cristã

Portanto, designai para vós mesmos, bispos e diáconos dignos do Senhor, homens mansos, e não amantes de dinheiro, verdadeiros e provados; porque eles também rendem a ti o oficio de profetas e mestres. Por isso não os menospreze, porque eles são honrados, junto com os profetas e mestres. E reprovai um ao outro, não em ira, mas em paz, como vistes no Evangelho. Mas para todo aquele que agir de maneira errada para com um outro, que ele não fale, nem seja ouvida qualquer coisa de ti até que se arrependa. Mas suas orações e esmolas e todos os seus atos sejam assim, como vistes no Evangelho do nosso Senhor.

Capítulo 16

Vigilância; a Vinda do Senhor

Atentai por vossas vidas. Não deixeis vossas lâmpadas se extinguirem, nem vossos lombos soltos; mas estejais prontos, pois não sabeis a hora na qual nosso Senhor virá. Mas reuni-vos freqüentemente, buscando as coisas que são úteis à vossas almas: porque todo o tempo de vossa fé não vos será útil, se não estiverdes perfeitos no último momento. Porque nos últimos dias falsos profetas e corruptores se multiplicarão, e as ovelhas se converterão em lobos, e o amor será transformado em ódio; porque quando a iniqüidade aumentar, eles odiarão e perseguirão e trairão uns aos outros, e então aparecerá o enganador do mundo como Filho de Deus, e fará sinais e maravilhas, e a terra será entregue em suas mãos, e ele fará coisas injustas que nunca foram vistas desde o princípio. Então a criação dos homens entrará no fogo do juízo, e muitos tropeçarão e perecerão; mas aqueles que suportarem em sua fé serão salvos da própria maldição. E então aparecerá o sinal da verdade: primeiro, o sinal do abrir dos céus, então o sinal do som da trompete. E terceiro, a ressurreição dos mortos — contudo não de todo, mas como é dito: "O Senhor virá e todos os Seus santos com Ele." Então o mundo verá o Senhor vindo nas nuvens do céu. Fim

 

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